Antonio Roberval Miketen


Oportunidade da Rosa

I O Canto de João Moura O toureiro gritava do centro da arena e o cavalo dançava do fundo do medo. II Picasso desejava pintar uma praça de touros ao tamanho natural, exato, com Miúras de picos de agulhas, talhadas por sobre o luzidio de negras montanhas. Nos painéis do pintor se avizinham agouros: em Guernica pintou Ele o triunfo do touro? Repara que as arenas são rosas humanas prontas para romper-se na fúria do sangue. Se o sonho de Picasso não fosse um absurdo, Manolete, decerto, em seus trajes de luzes, recordando Linares, se daria ao touro: faria Ele, outra vez, a faena da rosa? III Por que pomos no touro a evidência da espera, nesse pombo da sorte, inocente em ser fera? IV No momento em que o corpo se veste de luzes o calor de mortalhas aumenta a nudez. V Tragédia de "YIYO" Na mortal lacerada do cravo na carne do toureiro brotava a beleza brutal. VI Verei o dia em que o touro terá sua sorte, na flor do ventre falso de ousada verônica?

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