Antonio Roberval Miketen


Mendes e o Toureiro Redondo

Ceder seda por seda, milímetro a milímetro, o tecido de pétalas às agulhas mais finas. Tecer, tecer, tecer. Tecer o touro em rosa, sem ceder o terreno exato ao matador. Na lisura da seda, num corte de vislumbre, delizar na muleta a pureza do lume. Reter na sorte o touro, dar a veia nos dedos, trazendo o couro ao corpo sem o corte do medo. Na figura da agulha, mesmo que o sangue gele, reter a rosa escura na pétala da pele. No toureio redondo, verter-se em sangue e sal, tecendo-se na rosa de vermelho fatal. Milímetro a milímetro, ceder, ceder, ceder. Ceder até o limite de sentir-se morrer.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *