I
investigo
a âmago da solidão: eis um ego
dividido
que não se dissolve em seus ritmos
lentos e precisos, ninguém sabe
a fórmula, os componentes, apenas
pressentimos a síndrome - e que desejos
esbarraram aqui neste espaço
sem flores e de árvores de outono,
que nomes de mulher, e quantos
desesperos - ah, neste chão de vertigens
é mais intenso sofrer
quando se está ao alcance, em torno
do orgasmo - e essa morte não vem.
§
a ponta de minha asa
roçando o céu de teu ventre
mãe sem filho de meu êxtase.
a solidão desbotada
como um campo azul de pássaros
e frutas maduras (roxas)
que se devoram recíprocas.
(roço apenas, como em sonho, limite do pensamento
- e me abismo em gozo - e gozo).
sou apenas um infante
que se alimenta na fonte
onde vai morrer a morte.
§
em que língua estrangeira
traduzir o sentimento
e esta noite?, em que palavras
não sentir - e persistir?
quietamente repouso
no outono do parque estrangeiro, dormem
os velhos e as árvores agonizantes
que não podem replantar-se
nos seus tons amarelos
contemplo uma verdade:
a solidão é um outono
pleno de sol.
§
happiness
is like a falling leaf
so tender, so fragile
but when coming
inevitable.
§
para o fim da viagem programo meu sonho:
será em crateras
de ilhas vulcânicas
e mares azuis.
para o fim das memórias
dos extremos neurônios
programo o orgasmo:
será um espasmo
transcrito em sementes. |