a eternidade é lúcida
a solidão é lúcida
a morte é lúcida
a eternidade é lúcida a solidão
a solidão é lúcida a eternidade
a morte é lúcida a solidão:
mas os fatores intemporais
(o amor
e o homem)
o pigmento que se acumula na carne
e transforma os seres temporais
os fatores perecíveis
a carne que se cobre de pigmentos
e se reconhece
e não permite identificar-nos
e aos outros inidentificáveis
o destino e a origem
que jamais se revelam
e são apenas atônitos
jeitos inconscientes
como acrescentar-se uma dose à própria dose
e declarar-se em transe e eterno
na suposição da lucidez.
É assim um conhecimento inútil
o do campo e de suas árvores e de suas pedras
e das crianças que brincam ao sol e dos homens que labutam
na sombra
e dos que explicam o que não tem explicação:
a noite é transparente
e não existe o que chamamos dia,
toda lucidez é absurda
e toda regra é Ilógica
e imperioso é perder-se na loucura
da própria lucidez, e nas coisas absurdas
como você ser você, não amar o seu próximo,
ser áspero e amargo
e esquecer. |