de águas em pedras ressurgem carneiros
e folhas podadas no pão da infância
o pai escondido, o menino chorando
as vagas presenças da morte por vir.
de chuva no céu, calçadas ardentes
fluidos perdidos, se eleva a lembrança
de longe das casas, dos ventos molhados
na face e nos cachos de longos cabelos.
martela-se um canto e o som é paisagem
um gosto na boca nascendo a memória:
sabia o futuro, sabia a lembrança
e sabia o passado, sabia a morte.
chorava o menino perdido na cama
choravam carneiros e folhas nas águas
o frade de pedra podava a parreira
e o fruto proibido de cores carnava.
e vinham manhãs e vinham crepúsculos
e vinha o rio por cima da ponte
( e vinha o menino olhando no escuro
o homem seguindo seu rumo de nada).
de cima da ponte crescia a cidade
no solo estrangeiro o homem-menino
olhava-se o rio de onde outras velas
inflaram-se em busca de amplos espaços.
e desse país repleto de aldeias
trouxeram os nomes, veio o menino
vieram as águas e vieram as folhas
ficaram memória e o espanto da morte. |