A fruta que resiste à fome e à noite
a noite que ultrapassa o homem e o tédio
o tédio enquadrado no perímetro da alma
e a alma disparada em sonho pela carne
muralhas interpostas entre homem e o homem
o chão que se resseca mas brota a oliveira
a chuva que se guarda para o cheiro e a poeira
e o sonho sobretudo de quem não sonha nunca
o choro umbilical — e o mesmo que na morte
a morte de cem anos igual `a de um dia
a fome após o pasto, o pasto após o dono
e eu e eu você, um nós desenvolvido
— e, enfim, continuar, um todo redizer
e ser um só no todo contendo o universal
destino condenado, a bilha e a rodilha
e apenas um suporte (eterno) o coração. |