Álvaro Pacheco

Fastio
            
                    
— Te compro um vestido bordado
da mais pura seda pura.

— Te dou uma jóia lavrada
no mais puro ouro puro.

— Te dou um pente afiado
na cabeleira mais pura.

— Te dou o dengue, o cuidado
mais guardado da ternura.

— Te dou o êxtase sonhando
por teu corpo, o berço, a jura.
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— Meu senhor, guarde os guardados
não preciso dessas juras
se lhe dou, dou-lhe os passados
que outros reis e soldados
conquistaram no meus muros.
...............................
E a mulher quietacalada
fez um gesto desbrandura
e se fechou-se no nada
da indiferença mais pura.

 
                                                              janeiro 66
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  02  de  Julho  de  1998