Álvaro Pacheco

Canto da  Lavadeira do Rio
 
                    
Bate roupa, bate sol
bate fome, bate peitos
bate carne descarnada
na pedra, no coarador.

Precisa anil para a roupa
do patrão ficar branquinha
tinindo na estearina.

Bate vida, a vida toda
bate a morte, a juventude
fica no rio, na pedra
se esgarça na correnteza
a pureza de menina
o sonho simples (de pobre)
os meninos espiando
ela só não vendo nada.

Precisa roupas, fiapos
um fiapinho de nada
pra chegar no céu enxuta.

 
                                                              Teresina, maio 65
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  02  de  Julho  de  1998