Bate roupa, bate sol
bate fome, bate peitos
bate carne descarnada
na pedra, no coarador.
Precisa anil para a roupa
do patrão ficar branquinha
tinindo na estearina.
Bate vida, a vida toda
bate a morte, a juventude
fica no rio, na pedra
se esgarça na correnteza
a pureza de menina
o sonho simples (de pobre)
os meninos espiando
ela só não vendo nada.
Precisa roupas, fiapos
um fiapinho de nada
pra chegar no céu enxuta. |