Álvaro Pacheco

Em letras vermelhas
 
  
Em letras vermelhas
se via no posto salva-vidas
a cruz e ao lado a inscrição: "salve-se
quem puder". Poucas pessoas acreditavam
na eficácia da salvação
ou de salvar-se a si próprias.

O recorde era
de oito tentativas, oito jogos
de se esconder da vida, de saber
para que lado ia o mar - ele apenas
contemplava as sombras dos peixes
e suas asas inúteis.

Pela meteorologia
ninguém iria morrer
em conseqüência das chuvas: somente
um grupo de curiosos na praia
especulava quem poderia salvar-se
acreditando em Deus.

Mas o homem de preto
ansiava por tâmaras num deserto fresco
e ninguém em volta de sua Bíblia.

 
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  05  de  Agosto  de  1998