Álvaro Pacheco

Ninguém é mais livre
                       
                  
Ninguém é mais livre, há muitos tentáculos
no mundo eletrônico, minha infância
estreitou-se, não acho as ruas e meus pesadelos
são sempre os mesmos, a mesma casa e as mesmas
pessoas, estou cansado
destes pesadelos - e não sou livre.

Quero andar e não consigo
me prendem demais, o Governo
limita as asas, o amor
corta os movimentos, a vida
não floresce ao norte, não posso
ir até o infinito - "Me ama,

me diz que me ama"- mas o amor
é jovem demais para os meus cabelos
e o desejo é um relâmpago
que perturba o luar, não posso mais
estar tão preso, eu te amo
mas como libertar-me da prisão antiga?

A juventude é um relâmpago
que perturba o sono - 
só quem paira é Deus.

 
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  05  de  Agosto  de  1998