Um animal ferido, a folha branca, a
decisão do pesadelo. Como uma mulher prestes a gozar
suspensa na vontade do homem, como um grande jardim iluminado
pelo céu do terraço, um travo vai na garganta:
são meia-noite e cinqüenta e cinco - em outro lugar
será outra hora. É o momento de descansar
suas pesadas luzes e também
sua branda escuridão: não se resolve o pesadelo:
antes disso a emoção vai decompor-se de seus fluidos
ao microscópio - ou revelar-se num astrolábio.
Entre as palmeiras e os hibiscos vermelhos
se abre um caminho - o de uma ida absoluta.
Um animal ferido pela folha branca. (O absurdo.)
O jardim coberto pela sua escuridão:
são agora meia-noite e cinqüenta e cinco
aqui mesmo onde descansa o céu: sem suas luzes
o animal ferido. Não há um orgasmo
que seja um bálsamo último para a alma cansada.
Em outra parte do mundo repousaria
no sorriso prometedor de uma adolescente
a folha branca procurada a vida inteira. |