Álvaro Pacheco

Passagem
 
  
Mais uma vez 
dividem-se os legados 
do além da geografia: 

um pedaço da mulher 
called Merryl - e a alegria 
de estar vivo à-toa. 

Com a faca sacrificial 
corta-se o pão e a carne - não há sal 
neste repasto em que se alimenta 
a descrença última. 

Numa rua qualquer 
de bêbados e putas 
se opera o testamento: 
talvez se veja 
a luz 
na marquise nua. 

(Nas montanhas 
há uma passagem reservada 
apenas aos atletas 
e aos semideuses.)

 
Paris, maio, 76                                                              
                                                                                   

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 Página editada por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  11  de  Agosto  de  1998