A INUTILIDADE
É inútil o coração
e bem pequena a alma
quando deles se aproxima o infinito
como o dragão de Merlim.
É difícil predizer o sono
como não se prediz
o dia
de ontem -
é inútil a memória determinada
quando tudo já foi lembrado
como essas plantas
que violam as pedras
e sobrevivem às chuvas.
É mais inútil a alma
que não ultrapassa as chuvas
como também o coração
que não floresce nas pedras.
Rio, janeiro 85.
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