A JANGADA
Ei-la solta no mar ligeiro esvoaçando,
como um vasto lençol
para as nuvens azuis sublime levantando
as asas colossais, brilhantes como o Sol.
Tornou-se uma legenda. Adoro-te, jangada.
És um poema de amor na luta encarniçada
contra o vil interesse e negra tirania,
— nesse drama imortal de glória e de agonia,
em que foi sufocada a voz do despotismo,
e foi desfeito o mal e foi transposto o abismo
da negra escravidão.
Emblema do progresso, águia da multidão,
foste o canto ideal da nova marselhesa
que fez brotar o bem. Tiveste a realeza
das cousas imortais,
cheias da grande luz dos grandes ideais,
que fazem renovar-se o coração humano,
sentindo da verdade o influxo soberano.
Foste da liberdade a página dourada,
branca filha do mar, celestial jangada.