Manuel Apolinario




Duas Panças de Respeito

Vinha a Rosa da igreja Com seu passo ligeirinho, Quando encontrou no caminho O doutor da freguesia. Sabia-se que o letrado Gostava de caçoar Ao ponto de abusar As regras da cortesia. - Com que então foste à Igreja?... Ele assim disse pr'á Rosa. - Até ficas mais formosa Depois duma confissão. Eu por mim, nunca lá vou E não me falta abastança... Esta minha rica pança Prova que eu tenho razão. - Oiça lá, senhor Doutor, Disse a Rosa com desdém, A pança que você tem Não me faz nenhuma inveja... Pois nós temos num curral Um porco para a matança Que também tem rica pança E nunca vai à igreja!


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