Araripe Coutinho
O Amor Jaz
O amor jaz no cacto do jardim
e cada espinho exposto à luz do corpo
é um pedaço morto de cada um de nós
o corpo é feito de taças
- cheias e vazias -
vitrais de luas engolindo a noite
pousando gozos nas sombras das ruas,
Além das veias todo amor é sangue
sangue de um sorvete de solidão amarga
assim morrendo
assim tão suave inflama
dentro da alma
além da madrugada.
Rendidos já não buscamos a enseada
o sorvete que falo
vem das almas
das almas das mulheres nunca amadas
que sempre pelas taças
vertem lágrimas
e bebem gotas de amores mortos.
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