Alberto de Serpa


Espetáculo

Passa a tropa na rua e abrem-se as janelas de repente, Debruçam-se bustos sobre a rua sem importância. O sol põe resplendores no ouro falso das bandeiras E rebrilha nas baionetas erguidas para o céu. Alarga-se no ar um hino de guerra e de heroísmo, E a marcha certa dos soldados hirtos e compenetrados de que são outros homens Faz, a seu compasso resoluto, bater O coração dos habitantes da rua sossegada ... Os meninos vêem finalmente marchar os seus soldados de chumbo ... As moças sonham desfalecer nos braços dos heróis E agitam os seus lenços ao vento da manhã... Só dentro de uma janela que há de abrir-se na noite, Uma mulher triste olha para longe sem ver E leva o lenço aos olhos encharcados ...


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