Içar-me âncoras
rebentar amarras
partir sisáis
que me seguram aos portos
cheios do limo dos anseios
mortos
romper cadeias que me
aferram ao solo
ser suicida
atirar-me ao colo
daquela nuvem que agasalha
os montes.
Estou sedento
onde estão as
fontes
de onde brotam os rios
e os mares?
Ah! nascer asas
me perder nos ares
até que
o mundo triste não mais seja
esconder-me onde ninguém
me veja
e nem no tempo possa
mais buscar-me
renascer-me árvore
sozinha
eraizar-me em frente
aquela igreja.
Que venhas só
e que ninguém
te veja
em frente à igreja
poderás achar-me
serei fecundo
de ramagem
e frutos
e nunca mais conseguirás
deixar-me
serás também
de mim
árvore gêmea
silhuetando anseios no
nascente
estátua de querer
contra os espaços
braços de seiva
procurando braços
pés de raízes
húmus
terra dura.
Teremos sombra
uma sombra pura
sombra tranqüila
como são os lagos
frases vadias
pensamentos vagos
versos boiando à
flor de estarmos juntos
longes silêncios
longes pensamentos.
Orquestrarás o
festival dos ventos
e eu
poeta
não te direi nada
lerei teus olhos de clamores
mudos
olhos de mar
de acordes
de infinito
olhos que gritam o olhar
que eu grito
nascendo estrelas
algas
e espumas
(ah! morrer ébrio
dissipar as brumas
que nascem muros
e assassinam espaços!)
Confundirei meus braços
nos teus braços
beijar-te-ei
e tu serás sagrada. |