Augusto Severo Netto

CANTO DE LIBERDADE
 
Libertarei as minhas mãos cerradas
para a sinfônica dos acenamentos
e serei eu
- jogral dos quatro ventos -
quem mostrará com o gesto
estrela
e estradas

Libertarei a minha voz contida
na engrenagem confusa da idéia
e serei eu
- comensal de mais uma ceia -
quem abençoará
o vinho
e a vida
 

Libertarei os meus ouvidos moucos
para a orquestra mágica dos dias
e serei eu
- ouvinte de elegias -
quem cantará
no festival
dos loucos
 

Libertarei o meu olhar morrente
da cor cinzenta do não/horizonte
e serei eu
- o que bebeu na fonte -
quem primeiro verá
a sarça
ardente

Libertarei meu corpo passageiro 
da carga milenar de tempo e fome
e serei eu
- o que perdeu o nome -
quem nascerá de novo
puro
e inteiro.

  
Remetente : Walter Cid

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