Libertarei as minhas
mãos cerradas
para a sinfônica
dos acenamentos
e serei eu
- jogral dos quatro ventos
-
quem mostrará
com o gesto
estrela
e estradas
Libertarei a minha voz
contida
na engrenagem confusa
da idéia
e serei eu
- comensal de mais uma
ceia -
quem abençoará
o vinho
e a vida
Libertarei os meus ouvidos
moucos
para a orquestra mágica
dos dias
e serei eu
- ouvinte de elegias
-
quem cantará
no festival
dos loucos
Libertarei o meu olhar
morrente
da cor cinzenta do não/horizonte
e serei eu
- o que bebeu na fonte
-
quem primeiro verá
a sarça
ardente
Libertarei meu corpo passageiro
da carga milenar de tempo
e fome
e serei eu
- o que perdeu o nome
-
quem nascerá de
novo
puro
e inteiro. |