Assis Garrido
Vênus
Deusa, a teus pés a flor das minhas crenças, ponho!
Mulher, eu te procuro, eu te amo, eu te desejo!
Para a tua nudez, — a gaze do meu Sonho,
Para a tua volúpia, o fogo do meu beijo.
Divina e humana, impura e casta, o olhar tristonho,
Cabelos soltos, corpo nu, como eu te vejo,
Dás-me todo o calor dos versos que componho
E enches-me de alegria a vida que pelejo.
Glória a ti, que, do Amor, cantaste, aos evos, o hino,
Que surgiste do mar, branca, leve, radiante,
Para a herança pagã do meu sangue latino!
Glória a ti, que ficaste, à alma dos homens, presa,
Para a celebração rubra da carne estuante
E a régia orquestração da Forma e da Beleza!
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *