Angélica Torres Lima


Dias contados

O poema da morte é apenas um trovão assustando a vida: olhos se arregalando estampidos nos ouvidos. Melhor, talvez, chamar o medo de expectativa já que nessa estrada não há outro desvio. Dias contados. Descontados os feriados e dias profanos, resta-me o dom de fabricar o meu destino, refazendo os planos perdoando os erros e os danos, dando remo e rumo às mãos e ao pleno. Contados os dias em letras, os números letais se abrem ao infinito. Disfarço a farsa, pondo fé e desfaço, acho, o carma da morte no imposto da vida.


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