Angélica Torres Lima
Dias contados
						O poema da morte
						é apenas um trovão
						assustando a vida:
						    olhos se arregalando
						    estampidos nos ouvidos.
						Melhor, talvez, chamar o medo
						de expectativa
						já que nessa estrada
						  não há outro desvio.
						      Dias contados.
						Descontados os feriados
						e dias profanos,
						resta-me o dom de fabricar
						 o meu destino,
						   refazendo os planos
						   perdoando os erros
						   e os danos,
						   dando remo e rumo
						   às mãos
						          e ao pleno.
						Contados os dias
						           em letras,
						os números letais
						    se abrem
						        ao infinito.
						Disfarço
						 a farsa, pondo fé
						e desfaço, acho,
						o carma da morte
						no imposto da vida.
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