Marcelo Batalha


Dedicação

Fico em casa, aguardo um telefonema Um cinema, restaurante, saidinha. Sendo a minha esperança derradeira, Fico à beira do abismo da vontade. Como um frade, celibato dedicado, Mal pensado, por alguém que nem conheço. Deus, mereço essa mulher tão sonhada ? Mas que nada ! Nunca olhou para mim... Vago, enfim, com a fome do carinho No meu ninho, recolhido e insaciável E, o que é provável, à espera de ninguém O meu bem não tem nome, fico à míngua. Minha língua se transforma em muita tinta : No que pinta à mente, boto forma e cor. E o amor que novamente respiro, e onde navego, Deixa-me cego aos desígnios da razão. Uma paixão me arrasa, me inspira ; É minha lira, o poema revelado. Coitado de quem nunca a descobriu ! Jamais sentiu seu coração em brasa...


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