Bernardo Almeida


Soneto do Reencontro

A ausência que há em mim se transfigura em mãos e em olhos súbitos no poço, onde venho saciar, mais com ternura, a sede do cismar outrora moço. No fundo espelho a virgem prematura desnuda-se e reveste-se em colosso; e ao eco milenar que me tortura, responde cada voz que já não ouço. Oculta face pousa em minha face. Não sei de onde ela vem, de que distância: — se das raízes líquidas da pedra ou se de mim, se do silêncio medra, como a canção com que ressuscitasse os sepultados ídolos da infância.

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