Bocage




Soneto Ditado na Agonia

Já Bocage não sou!... À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura; Conheço agora já quão vã figura, Em prosa e verso fez meu louco intento: Musa!... Tivera algum merecimento Se um raio da razão seguisse pura. Eu me arrependo; a língua quasi fria Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: Outro Aretino fui... a santidade Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia, Rasga meus versos, crê na eternidade!.


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