Bulhão Pato


A Mãe e o Filho Morto

A pobre da mãe cuidava Que o filhinho inda vivia, E nos braços o apertavas O coração que batia Era o dela, e não do filho, Que já do sono da morte Havia instantes dormia. Olhei, e fiquei absorto Na dor daquela mulher Que tinha, sem o saber, Nos braços o filho morto! Rezava, e do fundo d'alma! Enquanto a infeliz rezava O pobre infante esfria Quando gelado o sentira, O grito que ela soltou, Meu Deus! — que dor expressou! Pensei então: a mulher, Para alcançar o perdão De quantos crimes tiver, Na fervorosa oração, Basta que Possa dizer: "Tive um filhinho, Senhor, E o filho do meu amor Nos braços o vi morrer!"


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