Bento Prado Júnior


A Lua-Cheia

Minha mãe, doce velhinha, que vontade de chorar! Saudade que me espezinha, lembrança do nosso Lar... Nosso sítio...a moradia... o arvoredo do quintal, que a lua-cheia cobria com seu delgado sendal... A lua-cheia de outrora tinha muito mais poesia! São Jorge de bota e espora, -que soberba montaria!- Lá, lança em riste, feria o feio e feroz dragão, que o duro ferro mordia, nas ânsias da convulsão! A lua-cheia, hoje em dia, é simples bola vazia que rola pela amplidão... Despojo de terra, fria, alma vivente não cria, nem sequer vegetação! A lua-cheia, hoje em dia, não tem significação! Minha mãe, doce velhinha, que vontade de chorar! Saudade que me espezinha, Lembraça do nosso lar... Nosso sítio...a moradia... o arvoredo do quintal, que a lua-cheia cobria com seu delgado sendal...


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