Bento Prado Júnior


Casa Destelhada

A casa é um templo humilde, em cujo tecto há goteiras que choram, noite e dia; o seu recinto todo está repleto do verde musgo, que a humanidade cria. Oculta um monge de sereno aspecto na solidão do templo, a luz sombria. Vota-lhe o monge singular afeto, que lhe aviventa a fonte da poesia. Nunca lhe entre os humbrais alma profana! Lugar tão venerando dessa forma, ofendê-lo-á, por certo, a vista humana! Pois se procede, nesse ambiente sério, ao milagre da dor, que se transforma, no cadinho do amor, em refrigério...


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