Bartyra Soares


Mutatis Mutandis

Tomo a forma do mar. Se é preciso que em minhas águas navegue o vento e em mim o sol refaça caminhos de impulsos e chamas verdes não me furto ao compromisso que hoje me impõe esta manhã. Minhas águas de sal e segredo ferem-se na aspereza dos corais e por não ser lâmina e por não ser espinho não tenho como revidar. Deixo que minha dor em mim desabe. Recolho meu grito de incertezas e convicções. E quando a última gaivota da tarde no poente pousar a sombra do seu cansaço só então serei quem fui. Assim sobre penhascos e dunas não mais depositarei lembranças e sargaços.


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