Berilo Wanderley

SONETO DA VERDADEIRA PÁTRIA
 
E quando eu me tornar rosas vermelhas
que o luar cobrir com suas mãos tão leves;
quando já for silêncio e treva e tudo chão,
e a palavra uma pedra na garganta,
 

irei ver outra bem distante,
lá onde os meus avós já são senhores,
e onde os pássaros cantam, sempre e sempre,
saudando as madrugadas dos que chegam.
 

Aqui, pouco me importa o que aqui fique...
O meu corpo brotando em flores quentes
e a cabeleira indo em raiz no chão.
 

Irei ver meus irmãos que aqui são cruzes
e tão lúcidos lá. Serei, então,
sincero e bom, na verdadeira pátria.

  
Remetente : Walter Cid

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