Além da janela,
os ramos verdes
e um resto de tarde se
apagando.
Mulheres de branco, os
rostos parados e frios,
passam.
Algumas colhem flores
friamente,
como se não colhessem
flores,
Homens tristes e abandonados
descem do alto da rua.
Vem do trabalho que ficou
lá no fim da cidade,
e trazem para suas mulheres
suor, pão quente e amor.
Sempre há amor
nos homens quando as tardes findam.
E sempre haverá
mulheres de branco apanhando flores,
quando as tardes findam.
Há amor também
no homem só
que está por trás
da janela
e se embala numa rede
azul.
Um azul que vai e vem
e que arranca do homem
uma canção
que se apaga com a tarde
e que vai enchendo de
noite
o entardecer do quarto. |