Novembro chega feliz
e terno, como uma vendedora de
flores,
que, além das
flores, trouxesse uma cantiga na boca.
Ouço já
a cantiga
e ninguém me impede
de ser feliz nesse novembro.
Ninguém. Nem mesmo
outros novembros.
Vou evitar, por isso,
meus caminhos retos,
minha casa serena dos
meus dias retos,
meu jardim discreto que
só viu amores lícitos,
minha mesa pronta com
café e goiabada,
minha mulher que tomou
banho e me espera prá dormir.
Evitarei olhar o céu,
prá que Deus não me incrimine.
(Se Ele me vir, é
capaz de me mandar para casa!)
Para que voltar prá
casa se a casa é de todo o dia?
Para que caminhos retos,
com borboletas azuis?
Para que jardim discreto,
se o amor de lá é lícito?
Para que a mesa pronta,
com café e goiabada?
Vou sonhar ao lado de
moças leves,
que me esperam por trás
das tardes cheias de sóis mortos
como deuses.
Minha mulher não
me perdoa? Eu a perdôo...
E vou buscar novembro,
que me chega como uma rapariga
terna
e me oferta flores. |