Carlos Augusto Corrêa
Elegia Sem Posse
						mesmo solto na altura dos bêbados 
						tenha o gosto e a certeza do pó 
						que trago no chão de cada dia 
						onde no sonho me desgarro 
						querendo a noite maior
						atravesso sem redenção 
						o rio que transporta 
						à noite da eternidade: 
						ó gueto, raiz que não furo 
						e quase lhe alcanço a entrada
						mas minha imagem dilui-se 
						em meu sonho embriagado 
						quando em peso a noite desaba 
						entre o vinho e esse tráfego 
						na calçada que não agride
						lambendo a borra nos lábios 
						e mastigando o lamento 
						por essa investia em vão —
						não estou de posse da carne 
						estou repleto do que falta.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *