Dílson Catarino

Poemas Menores

Meus óculos quebrados Me olham com saudades Do passado que também se quebrou -o- Sujo é o beco de sua boca quando fala. Sujo é o beco - boca é suja Pois as árvores poda Até que a morte vem Aos pássaros também -o- Sempre é o nunca à podridão dos homens que matam de penúria ou de violência que ferem a alma de um povo já enfermo E querem carnaval. -o- Cultivar plantas em xaxim é como cultivar a paz Os homens cultivam o fim -o- O verde desta planta no meio de minha sala O cinza desta fumaça em todo meu caminho -o- Vivaldi vagueia vadiamente em meus ouvidos -o- Se não fosse a chuva batendo em minha janela Pensaria serem lágrimas felizes de minha boca em seu corpo. -o- O meu copo de aço escorregou-me da mão Os estilhaços de vidro cortaram-me o pé Escorreu uma gota de sangue manchando o tapete. -o- Saia do escuro e acenda uma vela Fique na sua tomando chuva na calçada beijando a boca da namorada sentindo a nuca se arrepiar. -o- Há olhos lindos e tentadores meigos, tímidos, de muitas cores sensuais, chocantes, libidinosos lagos serenos, maravilhosos cristais brilhantes, cheios de fé mas nada como os olhos de Teté. -o- E lá estão os elefantes, ciscando em volta do lago, enquanto as pedras rolam misturando-se com as cuspidas do tuberculoso. Cânticos frêmitos entoados por pianos destruídos entusiasmam os leprosos para uma valsa. Vamos beber uma cerveja? Então, bebamos oito. -o-


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