Que queres tu, viajor, olhando para trás?
O que vês é a distância, é a estrada percorrida,
é o pó das ilusões da vida já vivida,
é o tempo que passou e que não volta mais.
Porventura não vês, após tamanha lida,
que tudo neste mundo é efêmero e falaz?
Inexoravelmente, um dia, zás, a morte
sorrateira, sutil, corta o fio da vida.
Que queres mais, viajor, ó espírito enfermo?
Não vês que longe vais, quão perto estás do
termo?
De que valem as cãs que te ornam a cabeça?
Desfita, pois, o olhar dos longes do horizonte,
volta as costas ao mundo, eleva a Deus a fronte,
antes que o sol de ponha, antes que a noite desça. |