Ruy Cinatti

Regresso Eterno

Altos silêncios da noite e os olhos perdidos, Submersos na escuridão das árvores Como na alma o rumor de um regato, Insistente e melódico, Serpeando entre pedras o fulgor de uma idéia, Quase emoção; E folhas que caem e distraem O sentido interior Na natureza calma e definida Pela vivência dum corpo em cuja essência A terra inteira vibra E a noite de estrelas premedita. A noite! Se fosse noite. . . Mas os meus passos soam e não param, Mesmo parados pelo pensamento, Pelo terror que não acaba e perverte os sentido A esquina do acaso; Outros mundos se somem, Outros no ar luzes refletem sem origem. É por eles que os meus passos não param. E é por eles que o mistério se incendeia. Tudo é tangível, luminoso e vago Na orla que se afasta e a ilha dobra Em balas de precário sonho... Tudo é possível porque à vida dura E a noite se desfaz Em altos silêncios puros. Mas nada impede o renascer da imagem, A infância perdida, reavida, Nuns olhos vagabundos debruçados, Junto a um regato que sem cessar murmura.


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