Claudius Portugal


Exscritos

erro não de errado erro sim de errante verdadeiro eu meu inteiro me sobrevivo eu em mim mesmo 1 sim siso de tarântulas a um céu de nós mesmos despes infinitas gulas encerrando meio termos segundo crença popular singular sintoma vário vadio em febre delírio corpos a dançar cantar sem paisagens meias a tecer peles teias bem tenazes tão nús que marcados pelo dia és sabor de água fria entre ritmos de azuis 2 o mar espalha num espelho o ar peixes, caranguejos, leões marinhos e eu navegador solto um beija flor devagarinho linha do horizonte luar e tu, anjo torto, deitas por cima pedras do ciúme num jardim das delícias e pronto porre de lança perfume exaustos de preguiça visamos dardos onde rastro línguas nossas carícias 3 a tua presença é bonita. bebo ainda mais bonita a vida mesmo quando o desejo é só um abraço um beijo um riso ou nada mais que uma mão em outra mão a tua presença é bonita. sugo eu só quero o que preciso da cana faço mel, trigo pão a tua presença é bonita. hauro mesmo quando, às vezes, sou amargo uma lágrima, lua nova, temporais a tua presença é bonita. consumo bonita a tua presença bonita 4 tua nudez afirma: não sala quarto varanda cozinha e dependências tua nudez afirma: não quatro paredes telhado porta janelas chaves tua nudez diz: sol assim como quem diz sim feito casa que se habita e ao se deixar habitar caminha-se certos caminhos de cambiar corredores tua nudez diz: mar algo assim horas negro outras verde branco azul a tua nudez: deixemos atravessar o silêncio silêncio musical a despir carnes nuas 5 que tipo de beleza você: esfinge pedra d'água, mármore, que tipo de beleza você: enigma, âncora, árvore, que tipo de beleza você: esperma, poltrona, cadafalso, que tipo de beleza você: esquife, túnel, pássaro, que: a beleza bela acende número, peso, medida, girafa, nuvem, vidro, e a beleza bale 6 vezes estranho olha com olhos castanhos senta no chão bebe comigo chá de jasmin. vezes sin cero toma um porre de gin. vezes inverno diz: feliz, eterno e se perde dentro de mim, vezes exato, lábio de leite e capim. assim, vezes pés de gato, assim, vezes boca de tamarindo, vou te seguindo, horas só rindo horas em que me mato os fragmentos são então pedras à volta da circunferência: desdobro-me em círculo; todo meu pequeno universo em migalhas, no centro, o quê? (Roland Barthes) 7 medo: goleiro diante do pênalti medo: também: a trave ou a bola na mão medo: a lâmina acorda crime também: corte sublime do pão medo: lâmina lâmina lua nova também: lua lua veja lua lâmina nova lua lamina aceso sol 8 segredo não tão segredo segredo ao teu ouvido a prisão de teus cabelos depressa vejo soltá-los Para um tempo onde digo assim gosto de tê-los segredo não mais silêncio sim desejo todo desejo que em ti já me vejo bahia minha fortaleza não bastar na tua beleza e bela mais que bela não a quero nome romance carta, telefone, enquanto a vida me diz em canto bela bem bela bela ela que me compuz carnívoro nesta mulher que me devoro


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