Camilo Pessanha

Remetido por Paulo Franchetti - FRANCHET@turing.unicamp.br

Fonógrafo

Vai declamando um cômico defunto. Uma platéia ri, perdidamente, Do bom jarreta... E há um odor no ambiente A cripta e a pó, - do anacrônico assunto. Muda o registo, eis uma barcarola: Lírios, lírios, águas do rio, a lua. Ante o Seu corpo o sonho meu flutua Sobre um paul, - extatica corola. Muda outra vez: gorjeios, estribilhos Dum clarim de oiro - o cheiro de junquilhos, Vivido e agro! - tocando a alvorada... Cessou. E, amorosa, a alma das cornetas Quebra-se agora orvalhada e velada. Primavera. Manhã. Que eflúvio de violetas!


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