Clóvis Moura


Rio Seco

Cemitério de peixes enterrados no areal ardente e transparente, pedras que furam os pés dos caminhantes marcaram a transferência dos sedentos. Pedaços de memórias marulhantes ainda chegam à noite nos seus ecos e roteiros de barcos são fantasmas na memória de luas macilentas. Há no sol que caustica as suas curvas um sádico desdém por suas margens que hoje se fundem ao leito que era líquido. As carcaças de tíbias e caveiras de bois marcam a distância do mistério e o suor é sua linfa derradeira.


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