Sei que uma flor
não é inacessível.
Sei que não sei de nada
e tudo que sei é
um pontapé
importuno
nos ouvidos malquerentes.
Sei também
que é inadiável essa feitura,
e que de tempos em tempos
o barco soçobrará
em seu próprio leito de temores.
Mas aproveitemos esse momento
de lúcido conhecimento:
não temos em nós (inerente)
uma visão
do essencial na existência?
ou a dualidade é irreparável?
Creio na possibilidade
de haver alguma crença:
e nesse sentimento
vive uma geração,
toda a vontade insatisfeita
de uma época
em que (até) os beijos
espoucam
e assustam. |