Celso Mesquita 

Emblema
                  
              
Eu posso escolher
a folha cega
o sol
meu rastro
a luz movediça
um afago
minha boca
língua em teu corpo.
Eu posso escolher
uma metáfora
meu amor
esta manhã
e o jambo de safra.
Eu posso escolher 
a voz indefinida
meu sonho
a síntese que 
te faço
substituo
a lógica
das coincidências.
Quebro
mato
morro
amanhã
hoje
nesta manhã
além das leis
que desconheço.
Eu posso escolher
um exercício
alexandrino
a descrição
da luz
e sombra
o meu amor
eu quebro
eu faço
eu sonho
eu sei
além das leis
que eu conheço.
Eu posso escolher
o emblema
(rito)
no ar.
Inauguram-se a relação
eterna e frágil, com
os músculos tensos
no horizonte
que é limbo
além de nosso
estar descalço.
 

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Página  atualizada  por  Alisson de Castro,  Jornal de Poesia,  06  de janeiro de 1998