Respirar: conter o inspirado ar
nos pulmões onde se espraia o sangue
que me distribui num eterno bater de rocas,
azaléias a brilharem sua cor, de onde
me vem uma terna e tonta primavera.
Ah! Respirar Recife, loca de sangüíneos
azuis à beira-mar, respingar
de água salgada, cheiro de peixe,
diuturna maresia enquanto a cabeça
flutua num ser muito lento.
E quando as palavras eram
o respirar do maior silêncio,
nós nos contínhamos
à beira-mar, apenas os olhos
tinham vida diante da luz
e era quando meus braços
ficavam fortes, azuladas veias
túrgidas de um mel grosso
que advinha, que desenhava o porto!
(Sempre o receio de respirar
como se o ar não fosse este,
mas um veneno estrangeiro.) |