Corrêa de Araújo


Dentro do Abismo

Morria... O abismo embaixo, esboroadas Fauces horríveis para o espaço abria, E eu suspenso no vácuo, as mãos pousadas Nas margens negras, já sem fé morria. Sei que caí mas que, ao cair, sagradas Mãos me ampararam na voragem fria; E, ao despertar, Alguém d'asas doiradas, Alguém que eu amo, junto a mim sorria. Eras tu! Amparaste-me a fugiste: E eis-me de novo cheio de desditas! E eis-me de novo desvairado e triste! E clamo e gemo... que cruel contraste! És tu agora que me precipitas No meu abismo donde me tiraste!

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