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Atualizado em: 28.9.2000
Catulo da Paixão Cearense

Bio-bibliografia:
 

Nasceu Catulo da Paixão Cearense em 8 de outubro de 1863,  em São Luiz ,Estado do Maranhão, à rua Grande, (hoje Oswaldo Cruz)  nº  66. 
Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga ( natural do Maranhão).
Sua infância até os 10 anos se passou em São Luiz do Maranhão.
Transferiu-se para o sertão agreste cearense onde seus avós maternos portugueses eram fazendeiros, permanecendo por lá até os 17 anos.
Em 1880 em companhia de seus pais e irmãos (Gil e Gerson) mudou-se para o Rio de Janeiro, na rua São Clemente nº  37, Botafogo.
Aos 19 anos interrompeu os estudos e abraçou o violão, instrumento naquela época, repelido dos lares mais modestos.Iniciante tocador de flauta, a trocou  pelo violão, pois assim,  podia cantar suas modinhas.
Nesse tempo passou a escrever e cantar as modinhas como, “Talento e Formosura”, “Canção do Africano”  e “Invocação a uma estrela”.
Moralizou o violão levando-o aos salões mais nobres da capital.
Em 1908, deu uma audição no Conservatório de Música.
Catulo foi autodidata autentico. Suas primeiras letras foram ensinadas por sua genitora e toda sua grande cultura foi adquirida em livros que comprava e por sua franquia à Biblioteca do Senador do Império, por ser professor dos filhos do Conselheiro Gaspar da Silveira .
“Aprendi musica, como aprendi a fazer versos, naturalmente”, dizia o Velho Marruêro.
Seu pai faleceu em 1 de agosto de 1885, desgostoso por seu filho ter abandonado os estudos para ser poeta, sem tempo de assistir a moralização do violão, o que veio a marcar tremendamente Catulo.
À medida que envelhecia mais se aprimorava. Catulo homem, não se modificava, sempre fiel ao seu estilo. “...Com  gramática ou sem gramática,  sou um grande Poeta..”.
A sua casinhola em Engenho de Dentro, afundada no meio do mato era histórica. Alí recebia seus admiradores, escritores estrangeiros, acadêmicos nacionais, sempre com banquetes de feijoada e o champagne nunca substituía o paratí, por mais ilustre que fosse o visitante.
As paredes divisórias eram lençóis e sempre que previa a presença de pessoas importantes, dizia para a mulata transformada em dona de casa. “Cabocla , lave as paredes amanhã , que Domingo vem gente!”
Sua primeira modinha famosa  “Ao Luar” foi composta em 1880.
Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: Anacleto Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha da Silva, Francisco Braga e outros.
Como interprete, o maior tenor do Brasil, Vicente Celestino.
Catulo morreu aos 83 anos de idade, em 10 de maio de 1946,a rua Francisca Meyer nº 78, casa 2. Seu corpo foi embalsamado e exposto a visitação  pública até 13 de maio, quando desceu a sepultura no cemitério São Francisco de Paula , no Largo do Catumbí,  ao som de “Luar do Sertão”.
Catulo deixou inúmeras obras, tais como;
 Canções musicadas 
- Luar do Sertão
- Choros ao Violão
- Trovas e Canções
- Cancioneiro Popular
- A Canção do Africano
- O Vagabundo
- Etc...

Livros de Poemas:
- Meu Sertão
- Sertão em Flor
- Poemas Bravios
- Mata Iluminada
- Poemas Escolhidos
- O Milagre de São João
- Etc....

Obras teatrais;
- O Marroeiro
- Flor da Santidade
- E o clássico  “Um Boêmio no Céu “.

Comentaram pró Catulo personalidades como:
Julio Dantas, Ruy Barbosa, Machado de Assis,  Clóvis Beviláqua, Francisco Braga, Humberto de Campos, Monteiro Lobato, Ignácio Raposo, Heitor Vila Lobos, Assis Chateaubriand, Bastos Tigre, Amoroso Lima, João Barros, Roquete Pinto, Pedro Lessa, Mário José de Andrade e outros
(Referências de Guimarães Martins)
 
 

Silsonmar da Rocha Costa
Itajubá, 25 de setembro de 2000
<silsonmar@uol.com.br>
Poesia
  1. Azulão e dos 2 tico-ticos
  2. O Marruero
  3. 1º Ato
  4. Luar do Sertão
  5. A Flor do maracujá
  6. Sertão em flor
  7. Um boêmio no céu
  8. Chico beleza
  9. O milagre de São João











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Catulo da Paixão Cearense
A FLOR DO MARACUJÁ

Encontrando-me com um sertanejo 
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei: 
Diga-me caro sertanejo 
Porque razão nasce roxa 
A flor do maracujá?

Ah, pois então eu lhi conto 
A estória que ouvi contá
A razão pro que nasci roxa 
A flor do maracujá

Maracujá já foi branco 
Eu posso inté lhe ajurá
Mais branco qui caridadi 
Mais brando do que o luá

Quando a flor brotava nele 
Lá pros cunfim do sertão
Maracujá parecia 
Um ninho de argodão

Mais um dia, há muito tempo 
Num meis que inté num mi alembro 
Si foi maio, si foi junho 
Si foi janero ou dezembro 

Nosso sinhô Jesus Cristo 
Foi condenado a morrer
Numa cruis crucificado 
Longe daqui como o quê

Pregaro cristo a martelo 
E ao vê tamanha crueza 
A natureza inteirinha 
Pois-se a chorá di tristeza 

Chorava us campu 
As foia, as ribera 
Sabiá também chorava 
Nos gaio a laranjera 

E havia junto da cruis 
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pé de nosso sinhô

I o sangue de Jesus Cristo 
Sangui pisado de dô
Nus pé du maracujá 
Tingia todas as flor

Eis aqui seu moço
A estoria que eu vi contá
A razão proque nasce roxa 
A flor do maracujá.
 
 

 

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Catulo da Paixão Cearense
SERTÃO EM FLOR - (um pequeno trecho)

Vassuncês diga o que é
Um coração  de home véio
Que quanto mais véio fica,
Mais aprecia uma muié!

Vassuncês ri? Falo sério.

O coração do home véio
é um burro véio trotando,
dáqui e dali trupicando
na derradeira viage,
que faz lá prô cimitério,
comendo pelos caminhos
um resto seco de espinho
que vae topando no chão ,
bebendo uns pingo de orváio
dos óios – as duas cacimbas
da fonte do coração! ....

Em riba dúma cangáia
duas muié carregando
cum  o peso  todo da idade:
uma, já morta: a Esperança,
outra, inda viva: a Saudade,...

Até cair cum a Esperança
e o cadáver da Saudade
e  os frutos podre dos anos
que ele leva no jacá,
prá  arrecebê,  afiná,
o beijo de amô da boca
da namorada dos véios,
que toda mágua alivia,
que toda a pena consola!...
A Morte, patrão, a Morte!
essa cabloca fié!
Muda... Surda...Cega e fria,
que depois de uma  viola,
é a mais mió das muié.
 
 
 

 

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Catulo da Paixão Cearense
Um Boêmio no Céu

(O boêmio com temor à S Pedro)

Meu Pai, será um crime imperdoável 
Perguntar-vos  por onde vaga o Monstro,
O Judas , vendedor do Pai Divino ?

Queres que eu seja franco? 
Nem eu mesmo 
Posso informar-te sobre o seu destino!

Através de seu cérebro bizarro
Que pensas desse tigre, dessa hiena? !

Eu lhe voto rancor, ódio profundo,
Mas lamento, Senhor , sua desgraça,
E desse vil herói chego a ter pena ! 
Senhor , ouso dizer , humildemente
Á vós que renegastes Jesus Cristo,
A vós, que o grande Mestre bendiz
que não existe coração perverso,
mas coração feliz ou infeliz .

Vós deveis  ser a Judas muito grato,
Perdoar de coração esse bandido,
O maior dos maiores condenados,
Que ficam para sempre relembrados,

Esses  homens fecais feitos de pús,
Pois se foi certo que vendeu a Cristo,
Também foi certo, que, ao beijar-lhe a face,
Lhe deu glória universal da cruz !

Sem esse grande miserável, ...Judas,
Existiria Deus, .... mas não , Jesus.

 

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Catulo da Paixão Cearense

CHICO BELEZA

Pulas areia da istrada,
Cum as perna já meia bamba,
Um dispotismo de gente
Vinha cantando num samba,
Fazendo grande berrêro!

Quem puxava a istruvunca 
Era o Manué Cachacêro,
O mais grande dos violêro,
Que im todo sertão gimia!
E era ansim que ele cantava
E no canto ansim dizia:

"Diz os véiu de outras éra
que quando São João sintia 
sôdade de Jesú Cristo
e de sua cumpanhia,
garrava logo na viola,
prá chorá sua sôdade 
e a sua malincunía!

Entonce logo os apóstro,
Assombrando o istruvío,
Cada um seu pé de verso
Cantava no desafío

A Mãe de Cristo chorava
e as agua que derramava
da fonte do coração,
caia nas corda santa
da viola de São João!
 
 
 

Pru via disto é que o pinho,
instrumento sem rivá,
quando se põe-se chorando,
se põe-se a gente a chorá".

Foi aí, nesse festêro,
que vi o Chico Sambêro,
um sambadô sem sigundo,
mas porêm feio ,tão feio,
que toda gente dizia
que foi o hôme mais feio
que Deus butou neste mundo!

Tinha cara de preguiça,
cabeça de mono véio,
e pescoço de aribú!
A boca, quando se ria,
taquarmente parecia 
a boca de um cangurú!
Tinha as oreias de porco
e os dentes de caitetú!
Tinha barriga de sapo,
e o nariz, impipocado,
figurava um genipapo!

Os braços era taliquá
dois braços sirigaitado
d' um veio tamanduá!
Os óios - dois berimbau!
As pernas finas alembrava
as pernas d' um pica pau!
O queixo de capivara
tinha um bigode pru riba,
que quase tapava a cara!
O cabelo surupinho
era, sem tirá nem pô,
cabelo de porco espinho!
 
 

Im conclusão, prá  findá,
tinha os dedos de gambá,
os hombros redondo e chato
e os pé que nem pé de pato!

Inda mais prá cumpletá
aquela xeringamança
e feiúra de pagóde,
o hôme quando se ria,
era um cavalo rinchando,
e quando táva suando, 
tinha um ôroma de bóde.

Apois bem. Esse raboeza,
que era prú todas as bocas
chamado : Chico Beleza;
esse horríve lobizome,
que era mais feio que a fome,
mais feio que o Demo inté
quando as pernas sacudia,
sambando nargum banzé
enfeitiçando as viola,
apaixonando as muié,
trazia tôda as cabôca,
cumo um capaxo, dibaxo,
das duas sóla do pé!!! 
 

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Catulo da Paixão Cearense

O Milagre de São João”

E agora eu peço a sa dona,
que é muié civilizada,
que é muié de inducação,
pelo que não arrepare
na minha comparaçào

As caderas de Joaninha
tava sadia istufada,
como uma pedra encalhada
na beira de um riachão,
que as agua que vai passando,
vai, aos poucos arrendondando
inchando, que nem balão,
inté  ficá tão redonda
como as anquinhas macia
de uma bonita nuvia,
que ainda fica assustada,
vendo um touro, um barbatão.

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Catulo da Paixão Cearense
O AZULÃO E OS TICO-TICOS 
 
 

Do começo ao fim do dia,
um belo azulão cantava, 
e o pomar que atento ouvia
os seus trilos de harmonia
cada vez mais se enflorava.

Se um tico-tico e outros bobos
vaiavam sua canção, 
mais doce ainda se ouvia
a flauta desse azulão.

Um papagaio, surpreso
de ver o grande desprezo 
do azulão, que os desprezava,
um dia em que ele cantava
e um bando de tico-ticos 
numa algazarra o vaiava, 
lhe perguntou: " Azulão,
olha, diz-me a razão
por que, quando estás cantando
e recebes uma vaia 
desses garotos joviais,
tu continuas gorgeando,
e cada vez cantas mais?!"

Numas volatas sonoras,
o azulão lhe respondeu:
"meu amigo, eu prezo muito
esta garganta sublime,
este dom que Deus me deu!

Quando há pouco, eu descantava,
pensando não ser ouvido 
nestes matos ,por ninguém,
um sabiá que me escutava,
num capoeirão , escondido,
gritou de lá: "meu colega,
bravo!....Bravo!...Muito bem!"

Queira agora me dizer:-
quem foi um dia aplaudido
por um dos mestres do canto,
um dos cantores mais ricos 
que caso pode fazer
das vaias dos tico-ticos?!" 
 
 

 

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