A vida efêmera procissão de cores
vai nos passando paulatinamente
como páginas de um livro que,
depois de lido há de ficar silente.
II
Por quantas vezes a pensar ficamos
sobre o porquê da gente existir
e quando chega no final de tudo
a gente luta pra ficar aqui
III
Ter ou poder são verbos mais usados
como se fossem a base da vida
e a convivência em torno desses verbos
nos dificulta a noção da lida
IV
E o tempo passa e nós passamos juntos
sem perceber o que ele nos faz,
se amealhamos um pouco das coisas
por qualquer coisa nós queremos mais
V
Nesse perlustre que aqui encetamos
sair-se bem é só o que queremos
e a própria vida há de zombar de nós
que pra existir quase sempre morremos
VI
E assim vamos caminhando a vida
a tropeçar nas próprias ações
e quando chegam os cabelos brancos
nos lembramos das religiões
VII
O temor então da incerteza aflige
é grande o medo de envelhecer
e só então a gente vaticina
que a gente morre sem saber viver. |