Diogo Bernardes


Soneto

Leandro em noite escura ia rompendo As altas ondas, delas rodeado No meio do Helesponto, já cansado, E o fogo já na torre morto vendo; E vendo cada vez ir mais crescendo O bravo vento, e o mar mais levantado; De suas forças já desconfiado, Os rogos quis provar, não lhe valendo. "Ai ondas!" (suspirando começou): Mas delas, sem lhe mais alento dar, A fala contrastada, atrás tornou. "Ai ondas! (outra vez diz) vento, mar, Não me afogueis, vos rogo, enquanto vou; Afogai-me depois quando tornar".


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