Amada solidão, silêncio amigo,
Vosso convívio me é tão grato e ameno
Que, voluntariamente, me condeno
A viver só, para vos ter comigo.
Alheio ao mundo, como um poeta antigo,
Noto, isolado, que ao mais leve aceno,
Me vêm, em ronda, ao espírito sereno
As idéias e imagens que persigo...
Solidão! vem de ti o êxtase infindo
Em que sinto, em constantes primaveras,
Meu ser a natureza refletindo...
Silêncio! enchendo o espaço onde me esperas,
Sonho, como Pitágoras, ouvindo
A harmonia divina das esferas. |