Desde a tarde violácea em que partiste
Para tão longe, para não sei onde,
Eu vivo a interrogar, calado e triste,
A natureza que me não responde.
Falo à estrela no espaço, à flor na fronde,
A perguntar em vão se o céu existe;
E tudo que a luz mostra e a treva esconde
À voz da minha súplica resiste.
Se há um mundo divino, além do humano,
Indago; e o vento, as águas, o arvoredo,
Têm o mesmo mistério soberano...
A vida não revela esse segredo,
Que a morte oculta num sombrio arcano,
Que enche os homens de dúvida e de medo. |