Diamond

Remetido por Claudio Alex - calex@centroin.com.br

Casca de ovo

Lembro bem lá da fazenda Inaugurava a manha, no retiro A canção dos latões ávidos de leite Bezerrada apartada, um mugido de saudade Cheiro forte de café, assando broa de milho Queijo de coalho Estrela do Sul, estrela d'alva já se foi A dança das cozinheira, os psiu, psiu...silencio Crianças ainda dormem, mas devem estudar Mamãe toda zelosa comanda um pelotão Chinelo não faz barulho, sete horas acordar Arde no nariz, a fumaça do carro que nos vai levar Os meninos para a escola, preparando seu futuro E o boi vai pra degola, nem pensar em chorar O cachorro preguiçoso se estica na varanda Se ajeita pra esperar a gurizada voltar Ai que saudade eu tenho, deste cantinho celeste Do amor do meu cachorro, da varanda de chão frio Da curva da estradinha, por onde eu via chegar Meu Pai levantando poeira, na guia do Chevrolet Bolso cheio de balas para a molecada agradar O café, o cavalo e o boi, personagens do lugar Pena que o tempo passou, que ausências tão doidas Dos chinelos da mamãe, da canção do luar Da cozinheira assustada, os quitutes e empadinhas Que só o forno de lenha sabia formar. As mangueiras do pomar Para doer e maltratar, por vezes esqueço como o rosto do Pai Das fogueiras de São João, do domingo lá na missa. Incenso, sol e sininho da capela branquinha Restou-me a saudade, num prédio em frente ao mar Daqueles a quem mais amei, daquele singelo lugar Bem perto da porteira que ainda vai pro cafezal, três cruzes resumem tudo Guardam estórias, amores e cuidados. Não perdi tudo porem Divina Generosidade, entendendo a minha dor Me restaram três porta retratos e o direito de sonhar


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