Dênis de Moraes
<denisdemoraes@ig.com.br>

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Biobibliografia: 
Dênis de Moraes, pós-doutor em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação da Universidade Federal Fluminense. Publicou, entre outros livros, O Planeta Mídia: tendências da comunicação na era global (Letra Livre, 1998) e Globalização, mídia e cultura contemporânea, org. (Letra Livre, 1997). 


Entrevistas

  1. Enrevistado: Soares Feitosa
Ensaios
  1. A silenciosa revolução da literatura na Web
Página principal do JP
 








Dênis de Moraes
<denisdemoraes@ig.com.br>
Em novembro de 1997, o escritor Dênis de Moraes entrevistou o webmaster do Jornal de Poesia:
 
 

ENTREVISTA COM SOARES FEITOSA, 
editor do JORNAL DE POESIA
 

Como, quando e por que surgiu a idéia do Jornal de Poesia na Internet?

R – Navegava pela internet, no mês de junho de 1996, e fui percebendo a
orfandade da língua portuguesa e dos autores da lusofonia. Nada,
simplesmente nada, enquanto que em inglês, espanhol, francês e alemão, tudo! Procurei por Castro Alves nos buscadores mundiais (Altavista, Yahoo) e nos nacionais (Cadê) – e ninguém sabia quem era. Digitei Gonçalves Dias. Tinha Gonçalves Dias, porém simples nome de uma cidade maranhense onde o Banco do Brasil mantém agência. Era a página comercial do Banco do Brasil. Não precisa dizer que saí arrasado da busca. O manifesto do Jornal de Poesia, a seguir transcrito, conta melhor esse lance:


Nas calendas de junho de 1996, navegava eu pela Internet à procura de poesia de língua portuguesa. Esbarrei num sítio muito interessante: Portugalnet e nele, dentre muita coisa boa referenciada, uma informação sobre uma biblioteca eletrônica, a Biblioteca do Alex que então teria uma disponibilidade de 2.000 volumes prontos para ler pelo computador.

 
E uma informação: nenhum em português!

 
Cliquei Castro Alves nos buscadores mundiais e brasileiros (Cadê e Yahih) ninguém sabia quem era. Também não sabiam de Camões. Nem Gonçalves Dias. Nem Augusto dos Anjos, nem de Jorge Lauten, poeta contemporâneo, uma voz distante num Timor Leste esmagado. Nem dos poetas negros da África negra de onde viemos.

 
Naquele exato instante surgia de dentro do chão o Jornal de Poesia, um sítio de língua portuguesa para o mundo. Assim foi, assim é.

 
E hoje, 13 de dezembro de 1996, setes meses após a sua fundação o Jornal de Poesia em homenagem aos poetas de língua portuguesa do Terceiro Milênio cria a página de poesia infantil.

 
Planta-se o distante. Este jornal tem por finalidade principal divulgar, pela Internet, a poesia de língua portuguesa.

 
Aqui você encontrará páginas de poetas consagrados, de Camões a Castro Alves, mas, e em especial, dos poetas novos, inclusive daqueles que nunca tiveram a chance de publicar qualquer coisa. Encontrará também artigos e ensaios sobre teoria poética e literatura de um modo geral.

 
Será como que um grande armazém de poesia, um crescente banco de dados, para acesso e consultas do mundo todo. Se você deseja reler um poema que não encontra mais, passe-nos um "e-mail" que, provável, será encontrado e aqui divulgado.

 
Tem propósito este Jornal de funcionar também como uma cidadela contra o esquecimento: poetas, como por exemplo, Carlos Gondim, cuja obra está em vias de desaparecimento, terão aqui uma chance de restauração.

 
Mande sua colaboração. Participe, com críticas também. Nada cobramos ¹, nada pagamos. Aliás, cobramos e pagamos em moeda alta: o preço da alma, eterno tributo e resgate da Poesia.

 

 

          A emoção?
 

É digitar um Navio, atualizar-lhe a orthographia de um livro velho, relê-lo numa glote espinho como se o recitasse aos berros... cadastrá-lo no buscador Altavista que não sabia de Castro Alves. E em seguida clicar Castro Alves... e esperar a ampulhetinha em cambalhotas... o coração, como quem pega um canário com as mãos — o do canário! — e o Navio, depois de alguns segundos extraídos da eternidade, como um corisco selvagem que ninguém sabe donde veio, riscar a seus pés em Teresina, em Tóquio, em Cingapura, em qualquer aldeia africana ou no Inferno - se lá tiver um computador e um telefone - e com toda a certeza que tem!

 

 
 
 
 
 

         É também receber um "e-mail" de um português informando que lera O Navio e que Castro agora circula em Portugal!

         'Stamos em pleno mar!


        Hoje o Jornal de Poesia é apenas o MAIOR sítio de literatura ao redor do mundo. Claro que existem belos trabalhos em língua inglesa, obras de Poe, para exemplificar, ou de Sheakespeare, completas; mas “site” – sítio - algum ajunta de forma ordenada como algo em torno de 1,600 poetas! Ajunta também o JP a fina flor da crítica literária (seu lugar está em aberto!), com algumas centenas de ensaios e mais e mais e mais, a ponto de colocar lado a lado a
poesia erudita de Fernando Pessoa e o cordel nordestino de Patativa do
Assaré.

        O Jornal de Poesia vem-se constituindo no repositório de material de pesquisa para os jovens. Recebo cartas passionais – passionais, isto mesmo!, de pessoas encantadas com o manancial.
 
 

2 – Qual a sua visão sobre a Internet e de que forma ela contribui para a
emergência do que eu batizo de “vida literária on line”, com intercâmbios
literários entre as publicações eletrônicas, entre elas e seus leitores e
entre os próprios escritores internautas?
 

R – O primeiro item a mencionar é a "desfronteirização". Recebo um email (e-ma-il, com som de mil; plural emaís, assim os pronuncio), do Piauí com a mesma tranqüilidade com que me chega outro de Macau, ou do Canadá (onde existe uma atuante colónia de lusófonos de origem portuguesa); ou dali da esquina. Recebo uma média de 40 emaís diários que os respondo todos e já não tenho essa preocupação de me perguntar de onde é. Um mundo novo, localíssimo, na palma da mão, fantástico, em Macau já é amanhã para mim que hoje lhe respondo esta entrevista agora às 14 horas do dia 28, lá madrugada, não sei de fria, não sei se quente, é 29... do outro dia!

        Jamais imaginei que um dia fosse-me corresponder com alguém de Cingapura ou da Suíça. A presente dos lusófonos, africanos inclusos, aos redor do mundo, a festa que fazem quando encontram o mar portuguez que é o JP. E os brasileiros emigrados, os cearenses que estão em toda parte! Como lhe disse, cartas passionais!, mandam-me.

        O Intercâmbio entre os poetas, entre os leitores, a nova seção “os leitores estão procurando”, de sentido de resgatar poemas perdidos, vagamente lembrados. As confrarias que se formam, as listas de discussão, as amizades (casamentos até!), as “novas famílias”. 

        Tudo isto ainda é coisa dos jovens. Os velhos não estão internetados. Mas seria o mesmo que perguntar aos escritores do início do século o que achavam da máquina de escrever... Claro que eles vão morrer, os velhos, porque todos morremos, jovens inclusos, mas daqui uns dias será tão exótico não ter Internet como escrever com um tinteiro e um mata borrão de lado...

3 – Com a expansão das publicações literárias on line, o monopólio de
divulgação e mesmo a legitimação literária da chamada grande mídia tende a
se reduzir?

Resposta – Será um fenômeno algo parecido com o surgimento da imprensa. Era importante o sermão do padre, no púlpito, legitimando determinada obra.
Depois, o livro, o jornal, o rádio, a TV. Surge mais uma ponta: a mídia
eletrônica. Todos estarão midiado eletronicamente – e ai daqueles que se recusarem! O padre, o pastor, o pai de família, continuam “legitimando” obras, com uma força de abrangência limitada ao reduto auditivo de seus circunstantes. O caderno Mais!, da Folha de São Paulo tem um poder imenso, mas em breve o mesmo caderno internetado será mais forte do que o de papel!, pois presente instantaneamente no mundo todo e podendo ser consultado, retroativamente a qualquer instante! Legitimará muito mais, mas isto não implica em criar uma nova casta de legitimadores. Os Marcelos Coelhos do futuro/em/breve estarão obrigatoriamente internetados.
 

4 – Literatura e ciberespaço se compatibilizam bem? Os novos protocolos de
leitura via computador tendem a modificar hábitos de leitura e forma de
convívio com a arte poética?

Resposta – Convivem perfeitamente bem. Suprem-se. Veja o aspecto “pesquisa”. O Jornal de Poesia é o maior banco-de-dados da poesia lusófona. Basta correr qualquer índice, letra C, por exemplo,  e lá estarão Castro Alves, Camões, Caboclim da Mata, etc., etc., tudo em ordem alfabética, ao alcance de um clic. Corre-se a vista, gostou, manda imprimir. Se isso vai implicar em eliminar o livro físico? Não acho. Pelo contrário, da visão-visual do poema surge imperiosa a necessidade da visão-táctil, onde só o livro físico, de papel, supre. O fantástico é receber um email de alguém dizendo que jamais lera poesia e que agora está lendo, e gostando, e me botam a culpa...

Decididamente, caro Dênis, estamos no limiar de um novo tempo. Com
participação. Você não mandou seu endereço postal. Pretendo cadastrar seu nome, no mesmo “Intercâmbio” da poeta Fernanda Teixeira. Ela tem apenas 12 anos! Estamos preparados?

Dênis de Moraes, pós-doutor em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação da Universidade Federal Fluminense. Publicou, entre outros livros, O Planeta Mídia: tendências da comunicação na era global (Letra Livre, 1998) e Globalização, mídia e cultura contemporânea, org. (Letra Livre, 1997). 
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Dênis de Moraes
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A silenciosa revolução da literatura na Internet


Para o meu amigo Wander Melo Miranda
        

Partimos do reconhecimento prazeroso de que, mesmo no ambiente de fluxos infoeletrônicos intermitentes em que vivemos, a literatura tradicional continua fascinante e insubstituível. Através de palavras gravadas no papel, podemos nos mover pelo que Mario Vargas Llosa definiu como “as mais belas paisagens da imaginação”. É impossível abandonar o contato suave com a superfície lisa, a capa fosca ou brilhante, as folhas brancas encadernadas, a lombada, os marcadores... Devemos, porém, admitir que o mundo das letras já não gravita apenas em torno de livros impressos, prontos e acabados, nem se vincula, atavicamente, a crivos acadêmicos, aos filtros da grande mídia e às injunções do capital. Os materiais literários alastram-se pela Internet com rara e imprevista desenvoltura. A rede integra-os com flexibilidade para enlaçar novos conteúdos e multiplicá-los em usos partilhados, através de bases de dados e publicações eletrônicas, em constantes mutações e acréscimos, abarcando períodos históricos, gêneros, movimentos e escolas. 

         A vida literária na Web passa a dispor de uma profusão de fontes de consulta, além de preciosos espaços de produção, divulgação e intercâmbio. As paisagens híbridas do ciberespaço encontram-se superperpovoadas de sites literários — desde coleções de textos da era greco-romana a workshops virtuais. A poesia é o gênero literário de maior penetração na Web, com cerca de 4 milhões de registros no Altavista, em vários idiomas. Em 20 de maio de 2000, somente o poeta chileno Pablo Neruda era citado em 11.293 páginas. Eis os cinco poetas brasileiros com maior número de referências: Vinicius de Moraes, 2.254; Castro Alves, 2.001; Carlos Drummond de Andrade, 1.465;  Mário de Andrade, 954; e Manuel Bandeira, 684.

         Na atmosfera virtual desterritorializada, testemunhamos a rápida desfronteirização do campo literário. Soares Feitosa, editor do Jornal de Poesia (www.secrel.com.br/jpoesia/poesia.html), esplêndido banco de poesia em língua portuguesa, com 2 mil autores, recebe por dia uma média de 40 e-mails. “O do Piauí chega com a mesma tranqüilidade do de Macau, do Canadá ou da Suíça. Um mundo novo, localíssimo, na palma da mão. Os escritores lusófonos, africanos inclusive, espalhados ao redor do mundo, encontram-se nas confrarias virtuais e nos intercâmbios poéticos”, assinala. (1) Lecionando na Suécia, o professor uruguaio Leonardo Rossiello recorreu à Web para ajudar a tornar a literatura hispano-americana mais conhecida do outro lado do Atlântico. Hospedou a ciberrevista Nuevo Mundo (www.hum.gu.se/~romlr/index.html) no servidor da Universidade de Gotemburgo. Ao abrir diariamente a sua caixa postal, encontra pelo menos 20 e-mails remetidos da América Latina, Espanha, Austrália e EUA. (2) A Universidade de Aarhus, da Dinamarca, administra o mais completo site eletrônico sobre o poeta argentino Jorge Luis Borges. Fundado em 1994, o Centro de Estudios y Documentación Jorge Luis Borges (www.hum.aau.dk/institut/rom/borges/spanish.htm) é consagrado aos estudos borgesianos em relação à filosofia, à semiótica e à literatura comparada. Possibilita consultas, em inglês, francês e espanhol, a uma vasta coleção de registros sobre a vida, a obra e o pensamento de Borges.

         Parece não haver limites para a imaginação. O tímido poeta pode colocar no ar seus versos titubeantes, lado a lado com as homepages de Prêmios Nobel.  Leitores participam da construção de romances e contos interativos. A obra desliza pelo monitor, em composição seqüencial, numa espécie de cibercolagem de interferências coletivas. Contam-se às centenas os grupos de discussão, fóruns, conferências e salas de conversação em tempo real sobre assuntos tão díspares como a literatura vietnamita e a poesia de Manuel de Barros.

         A literatura eletrônica — sem sobrepor-se ou equiparar-se à literatura tradicional — sublinha a emergência de um ecossistema fundamentado em interseções comunicacionais que possibilitam uma hibridação entre emissores-produtores e receptores-consumidores. É possível informar e ser informado quase simultaneamente. Novos hábitos de percepção e vias de representação irrompem no entrelaçamento dos aparatos tecnológicos com a esfera literária. Desvelemos, pois, os enlaces múltiplos, as virtualidades que transportam idéias, sentidos e emoções.

         O ciberespaço funda uma ecologia comunicacional: todos dividem um colossal hipertexto, formado por interconexões generalizadas. (3) Trata-se de um conjunto vivo de significações, no qual tudo está em contato com tudo: os hiperdocumentos entre si, as pessoas entre si e os hiperdocumentos com as pessoas. A partir da hipertextualidade, a Web põe a memória de tudo dentro da memória de todos, numa malha de mais de 800 milhões de páginas indexadas (o equivalente a seis terabytes de textos). (4) 

         Nos encadeamentos do hipertexto, cada ator inscreve sua identidade na rede à medida que elabora sua presença no trabalho de seleção e de articulação com as áreas de sentidos. O princípio subjacente ao hipertexto é o de que qualquer parte de um texto armazenado no formato digital (seqüência de caracteres que são reconhecidos e acessados por softwares específicos) pode ser associada automaticamente a unidades textuais armazenadas do mesmo modo. O clique sobre as palavras sublinhadas instrui o computador a ativar o acesso oculto por trás do link, projetando na tela o assunto requerido, quer ele esteja no mesmo documento ou em outras bases de dados. O usuário tem a alternativa de saltar de uma fonte a outra, em um itinerário sem começo nem fim. Os textos deslizam pelo monitor, em ritmo seqüencial, numa espécie de cibercolagem de interferências individuais e coletivas.

         O hipertexto afigura-se, pois, como um texto modular, lido de maneira não-seqüencial, composto por fragmentos de informação, que compreendem links vinculados a nós. O percurso não-linear faculta novos gabaritos de intervenção por parte dos ciberleitores. Conforme seus interesses e preocupações, a pessoa segue caminhos próprios e extrai sentidos dos dados localizados. Pierre Lévy observa que, na comunicação escrita tradicional, os recursos de montagem são utilizados no momento da redação. “Uma vez impresso, o texto material mantém uma certa estabilidade... à espera das desmontagens e remontagens de sentido a que o leitor se irá entregar.” Já o hipertexto digital aumenta consideravelmente o alcance das operações de leitura: “Sempre num processo de reorganização, ele [o hipertexto] propõe uma reserva, uma matriz dinâmica a partir da qual um navegador-leitor-usuário pode criar um texto em função das necessidades do momento. As bases de dados, sistemas periciais, folhas de cálculo, hiperdocumentos, simulações interativas e outros mundos virtuais constituem potenciais de textos, de imagens, de sons, ou mesmo de qualidades tácteis que as situações particulares atualizam de mil maneiras. O digital recupera assim a sensibilidade no contexto das tecnologias somáticas [voz, gestos, dança...], mantendo o poder de registro e de difusão dos meios de comunicação.” (5) 

         Por outro lado, a Web dissolve a subordinação a instâncias intermediárias (acadêmicas,  mediáticas ou editoriais) e descentraliza os processos de edição, difusão e consumo de textos. A figura do autor reacende em importância estratégica: pode ser seu próprio editor e distribuidor; pode alterar ou atualizar as suas obras sem custo adicional; pode divulgar e debater o que produz por correio eletrônico, em listas de discussão, boletins e anéis de sites. De maneira análoga, na escrita colaborativa divisa-se a reciclagem de fórmulas inventivas e de técnicas de composição. A criação experimenta deslocamentos, variações e modulações— as “tempestades de constantes seqüências” de que nos fala Michael Joyce, pioneiro da hiperficção com Afternoon: a story. (6) Os hyperlinks reordenam a estrutura narrativa e a arquitetura ficcional, bem como dinamizam os itinerários de leitura e interpretação. O que é sólido pode ser também móvel, fluido, desenraizado e acessível a qualquer segundo.

         Assim, os fluxos interativos da Internet incrementam a composição literária coletiva, através de hipertextos que constróem romances, contos e poemas com a interferência de usuários. A antiga estrutura do texto final convive agora com a escrita não-linear, seqüencial e atualizável do espaço virtual. (7) Esboça um novo tipo de escritor — batizado de autor eletrônico —, que se vale de suportes infoeletrônicos para a formulação de narrativas hipertextuais e/ou para a integração dos leitores ao processo criativo. (8)
As hipernarrações, também chamadas de escritas colaborativas, atraem usuários para os sites The Written Word (www.geocities.com/Athens/Acropolis/1810), Writers Workshop (www.romance-central.com/Workshops/ring.htm) e Infine (twine.stg.brown.edu/projects/hypertext/landow/HtatBrown.hotelmoo.html), este um programa de ações hipertextuais, incluindo roteiros para cinema. 

         Surgem páginas de poesia coletiva, como a norte-americana Poetry Web (cnsvax.albany.edu/~poetry/webs.html) e a italiana Ipertesto Colaborativo di Media/Mente (www.uni.net/mediamente). Cada participante tem direito a acrescentar um verso, alternadamente. Já funcionam, inclusive, ateliês de criação literária em rede. As inscrições são feitas por e-mail. O professor-escritor orienta o aprendizado das técnicas hipertextuais e avalia o andamento das hiperficções boladas pelos alunos. Depois, os trabalhos são debatidos pelo grupo, em e-mails e chats. 

         Essa febril emergência da ciberliteratura vem suscitando questionamentos — às vezes apaixonados, ranhetas ou apocalípticos — sobre o futuro da expressão escrita e do próprio livro. Em 1964, Marshall McLuhan previa que as tecnologias eletrônicas suplantariam os veículos impressos. “O poeta Stéphane Mallarmé pensou que ‘o mundo existe para acabar em um livro’. Agora, estamos em condições de poder ir mais além e transferir todo o espetáculo para a memória de um computador”, sentenciava McLuhan. (9) Se vivo fosse, o teórico canadense estaria publicando seus livros, como a autenticar o fracasso de seu vaticínio. Em contrapartida, a revolução informacional confirmaria a sua pressuposição de que as redes eletrônicas se incumbiriam de projetar para fora do cérebro humano “um vivo retrato do sistema nervoso central”, interligando as atividades cotidianas como feixes de neurônios.

         Contudo, ainda existem intelectuais que desconfiam do computador. Não adianta ponderar que estamos ingressando na era dos set-top boxes digitais, equipamentos concebidos para unificar os circuitos de Internet, televisão a cabo e telefonia. O romancista Antônio Torres, por exemplo, mantém-se fidelíssimo à velha máquina de escrever. Reluta em memorizar lições de informática e não se deixa dobrar facilmente pelos apelos da Internet. Quando quer se comunicar com mais rapidez com colegas, ou enviar algum material urgente, usa o endereço eletrônico de sua mulher, Sonia. Até os e-mails de leitores são amavelmente respondidos por ela. Guillermo Cabrera Infante, escritor cubano radicado há uma década em Londres, garante não estar familiarizado com a Web, nem com CD-ROM, muito menos com “qualquer um dos métodos espetaculares de conhecimento”. Desafia as inovações: “O livro existe há três mil anos. É muito difícil abandonar um hábito querido.” No escritório do autor de La Habana para infantes difuntos, ocupa lugar privilegiado um computador presenteado pela família. Ele raramente o liga. (10) 

         Torna-se indispensável demarcar os territórios em tensão. De um lado, os cultores de paradigmas clássicos, para os quais a literatura se materializa no papel, e assim deve prosseguir. Esta corrente recusa a pertinência dos fluxos tecnológicos na criação artística. O mundo eletrônico diluiria a aura da obra literária, substituída pelo encantamento high tech. A abundância desordenada das redes dificultaria reflexões críticas conseqüentes.

         Fábio Lucas, atual presidente da União Brasileira dos Escritores e destacado crítico literário, alerta para os efeitos da hipervelocidade no domínio cultural. A seu ver, determinadas atividades humanas não se ajustam à lógica da urgência, sob pressão da mídia e das tecnologias de informação. Ele salienta que a criação e a fruição literárias demandam tempos mais demorados, enquanto que na mídia prevalece o imediatismo. E acrescenta: “O tempo da produção literária nem sempre se coaduna com a velocidade de acesso às matrizes do saber. O vagar da reflexão crítica e da elaboração artesanal da obra se choca com a fugacidade das impressões da era da imagem. Uma coisa é o prazer da demorada leitura de um texto literário, sua fruição estética; outra coisa o deleite vertiginoso de um videoclip. A literatura necessita de pausas, enquanto a linguagem da publicidade vive do bombardeio ininterrupto de mensagens sobre o consumidor potencial aturdido.” (11) 

         De preocupações semelhantes às de Fábio Lucas compartilha o escritor mexicano Carlos Fuentes. Nem quer ouvir falar em computador: “Escrevo como no século XIX. Escritores como Balzac, Juan Goytisolo e William Styron escreviam à mão e com pena. Estou demasiado acostumado e feliz com a comunicação que existe entre minha mente, meu coração, minha mão, minha pena e meu papel. Tudo flui com grande rapidez. Diz-se em inglês que não se pode ensinar a um cachorro velho truques novos. Gabriel García Márquez, que escrevia à mão, um dia, já tarde, descobriu o computador e para ele se voltou louco de gosto. Diz que escreve muito mais rápido. Eu não; não sei como manejar um aparato desses. Sou um idiota mecânico. Mas, com uma pena, vou longe, com uma velocidade que não alcanço sequer com a máquina de escrever.”

         No caso da Internet, o pensamento de Fuentes move-se em ziguezague — ora zangado e impaciente, ora simpático e condescendente. A comunicação por e-mail parece-lhe razoável, mas se queixa das mensagens indesejáveis e das “solicitações cretinas” que lhe chegam à caixa postal. “É uma invasão da intimidade”, ralha, acrescentando que adoraria limitar a correspondência aos amigos. Apesar de considerar a educação pública à distância, via Internet, um fator de integração dos povos marginalizados da América Latina, Fuentes teme que a Web acabe aprofundando as desigualdades entre o Terceiro e o Primeiro Mundos. 

         Lembra que o acesso ao ciberespaço ainda é privilégio das camadas com poder aquisitivo para custear linhas telefônicas, computadores e provedores. Mesmo ressalvando que as inovações técnicas nunca lograram derrotar o espírito criativo — e, em algumas ocasiões, até o incentivam —, o escritor mexicano reage com vigor quando se intenta soldar o desenvolvimento literário a ferramentas eletrônicas: “Não aceito que a Internet sacrifique a comunhão profunda e secreta que é a leitura, algo que não se pode alcançar em nenhum outro meio. Esse ato de comunhão, para mim, é um ato insubstituível, muito parecido com o ator de amar. É muito difícil amar numa tela; seria uma forma de onanismo. O livro é um ser de carne e osso.” (12) 

         Se Fábio Lucas e Carlos Fuentes levantam objeções contra a literatura eletrônica, no lado oposto situam-se os profetas da decadência do livro impresso. Entre as vantagens insuperáveis do livro digital, enaltecem a natureza e o alcance de sua difusão; a distribuição em largo espectro, sem dependência a redes livreiras e meios de transporte; o baixo custo de edição, sem gastar papel; liberdade de publicar textos de qualquer tipo ou tamanho; buscas em arquivos literários de ponta; novas possibilidades de criação ficcional e poética. Em tom apocalíptico, o escritor uruguaio Juan Grompone sustenta que o livro impresso está em vias de extinção: “Não quero dizer que vá desaparecer em cinco anos, mas está condenado à morte. Vivemos em um mundo de imagens, onde as cores e as formas nos condicionam totalmente. Creio que continuarão sendo publicadas as obras de grande qualidade, com tiragens limitadas, excelente papel, ilustrados à mão, essas coisas que são quase artesanais.” (13) 

         A polarização acima descrita embute um falso dilema. Em primeiro lugar, livro não é fetiche, seja ele de papel, de pano ou eletrônico, esteja ele em volume encadernado, em CD-ROM, disquete ou na Internet. Qualquer suporte que dissemine informações favorece, em maior ou menor grau, a socialização da cultura — e parece indubitável que a infra-estrutura das redes constitui um poderoso canal de distribuição. Ela descentraliza e barateia o processo editorial, libertando-o do atrelamento inevitável às diretrizes mercadológicas, industriais e mediáticas. As ferramentas eletrônicas contribuem igualmente para preservar a memória literária, em acervos digitais com gigantesca franquia para estocagem. Obras raras voltam a ser acessíveis. Sem contar as inovações de escrita e leitura que se descortinam nas narrativas hipertextuais. 

         Mas o livro impresso não perdeu, em absoluto, a sua vitalidade. A começar pelo fato de que se adapta a variados contextos socioculturais, abarcando idiomas e linhas de pensamento. É facilmente transportável e não depende de dispositivos para ser utilizado; sua durabilidade não está sujeita aos ciclos de obsolescência tecnológica, como pode ocorrer, por exemplo, com um CD-ROM (títulos impressos há séculos continuam legíveis); engendra protocolos de leitura até aqui insuperáveis. Mais: ler diante da tela cansa, dificulta a concentração e às vezes entedia. É verdade que o texto exibido no monitor pode chegar ao papel e ser lido na praia ou no táxi — basta apertar o botão para a impressora materializá-lo. Ainda assim, o conforto proporcionado pelo desfrute do livro dificilmente será ultrapassado pelo mais leve e funcional dos computadores portáteis. 

         Por que ainda necessitamos de livros? Derrick de Kerckhove responde com uma analogia entre o ritmo febril dos bits e a leitura cadenciada no papel. O diferencial da literatura consistiria em contrapor-se à velocidade dos sistemas eletrônicos, devolvendo as pausas e o tempo necessário ao mergulho na imaginação. A obra impressa funcionaria como “desacelerador consumado”, como explica: “O livro é fixo, estável e estabelecido, e esta estabilidade é crucial. Porque hoje o desafio não é acelerar a informação, mas torná-la mais lenta. (...) Nossa cultura é absolutamente obcecada em acelerar todos os aspectos das atividades humanas e as formas de nos relacionarmos com elas. O que precisamos é desacelerar e construir sentidos no nosso relacionamento com a informação, para negociar com ela em um ritmo adequado. O tempo tecnológico é ultra-rápido e fora de controle. Para controlá-lo, temos que jogar golfe ou ler livros. (...) No ambiente eletrônico, o papel dos livros é, então, o de desacelerar a informação e, subseqüentemente, acelerar o pensamento, dando às pessoas tempo para pensar sobre isto e tornar o processo de leitura um capacitador de conhecimento.” (14) 

         A eficácia do suporte literário virtual depende de sua capacidade de oferecer elementos operativos que satisfaçam demandas culturais, liberando avanços que as tecnologias anteriores não alcançaram. É o caso da hiperficção on line. A primeira versão de um escrito pode ser modificada a partir de comentários e sugestões por correio eletrônico ou em grupos de discussão. Em idêntico diapasão, tornam-se exeqüíveis obras de autoria coletiva, envolvendo pessoas que talvez nunca tenham se visto ou sequer falado por telefone ou carta. Outra evolução que se insinua: periódicos eletrônicos publicam materiais literários de todo e qualquer tamanho — de pequenos opúsculos a volumes inteiros de domínio público, dos haicais de menos de oito linhas às 450 páginas de Os Sertões, de Euclides da Cunha, disponíveis nos Textos Eletrônicos de Literatura Brasileira (www.cce.ufsc.br/~alckmar/literatura/literat.html), do Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Lingüística (Nupill), da Universidade Federal de Santa Catarina.

         O livro coexistirá com a televisão, a multimídia, a realidade virtual ou qualquer engrenagem interativa. Assim como a imprensa não suprimiu os manuscritos. O próprio livro foi combatido pelos epígonos da cultura elitista da Idade Média. Os benefícios da impressão mecânica não se impuseram de imediato. Durante muito tempo ela dividiu a cena com os pergaminhos, até se consolidar como meio que possibilita uma circulação social mais rápida, barata e abrangente. As sociedades valem-se de distintas tecnologias de comunicação, simultaneamente. Os suportes são empregados em função de seu uso social. A escrita manual relaciona-se à comunicação pessoal, enquanto o computador é utilizado com freqüência no trabalho, de diversas maneiras, e mais recentemente para a informação e o entretenimento, através das redes informáticas, do CD-ROM e de jogos eletrônicos. Para o contato instantâneo à distância, o telefone continua insuperável. Outras circunstâncias pedem o fax, o correio eletrônico, o pager ou a carta registrada. Estas modalidades sobreexistem em função da natureza da informação que se deseja transmitir, acessar ou receber. 

         Não será outra a lógica que, mais cedo que se espera, presidirá as fronteiras de complementaridade entre as literaturas impressa e digital. Primeiro, porque não precisamos abrir mão do agradável prazer da leitura para navegar por publicações on line, e vice-versa. Acabamos por acumular dados e experiências que nenhuma das partes sozinha poderia exibir. A convergência entre o setor editorial e as indústrias multimídias, em especial nos EUA traduz-se na hibridação de recursos e processos tecnológicos para gerar rentáveis produtos associados a best-sellers impressos, como filmes, seriados televisivos, CD-ROMs, vídeos, DVDs (Digital Video Disc), CDs, videogames, videoclipes e jogos on line. A conjunção de atividades revela-se crucial para reposicionamentos mercadológicos, notadamente numa conjuntura econômica marcada por altíssima taxa de expansão de conhecimentos científicos e de contínua renovação de sistemas e métodos produtivos. (15) 

         Na vertigem dos nós, um número cada vez maior de obras tende a ser disponibilizado, lido e analisado, numa prova eloqüente das interseções possíveis entre real e virtual, dentro de um conjunto de ambientes integrados e auto-ajustáveis, sob a primazia da inteligência humana. Por que isolar as variáveis eletrônicas dos tesouros impressos? Não estamos aqui expondo idéias sobre a ciberliteratura em papel e tinta? Esqueçamos as referências imutáveis, o apego a crenças enrijecidas que geralmente conduzem a dogmatismos. Optemos por uma dialética de complementaridades, interinfluências e fertilizações mútuas entre o real e o virtual. Até porque, arrisca Roger Chartier, os autores não escrevem livros; escrevem textos que se transformam em objetos escritos, manuscritos, impressos e, agora, virtuais.
 

NOTAS

(1) Entrevista de Soares Feitosa ao Autor, em 30 de outubro de 1997.

(2) Entrevista de Leonardo Rossiello ao Autor, em 18 de maio de 1998.

(3) Emprego os termos ciberespaço e cibercultura nas acepções propostas por Pierre Lévy. Ciberespaço é o novo meio de comunicação que emerge da interconexão mundial das redes de computadores. Engloba não somente a infra-estrutura material da comunicação digital, como também o oceano de informações que abriga ao mesmo tempo os seres humanos que por ele navegam e o alimentam”. Cibercultura designa o conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensar e de valores que se desenvolvem paralelamente ao crescimento do ciberespaço. Ver Pierre Lévy. Cyberculture. Rapport au Conseil de l’Europe. Paris: Odile Jacob, 1997, p. 17.

(4) A estimativa sobre o número de páginas indexadas consta de estudo dos pesquisadores ingleses Steve Lawrence e C. Lee Giles, divulgado na edição de 7 de julho de 1999 da revista britânica Nature.

(5) Pierre Lévy. A inteligência coletiva: para uma antropologia do ciberespaço. Lisboa: Instituto Piaget, 1997, p. 72. Consultar, do mesmo autor, As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993, p. 25-26. 

(6) Entrevista de Michael Joyce ao Autor, em 14 de dezembro de 1997. Afternoon: a story  desenrola-se em torno de um acidente de carro que pode ou não ter acontecido. Tudo depende da navegação do leitor pelos meandros da narrativa. A cada clique do mouse, sobrevém uma cena, um novo personagem surge, uma nova versão dos fatos é conhecida. Michael Joyce escreveu o romance depois de ter se unido a um programador para criar um software que permitisse criar um “texto em teia”. Hoje, o programa é a base da maioria dos hiperlivros encontrados na Internet.

(7) Joaquín Maria Aguirre Romero. Literatura en Internet. Qué encontramos en la WWW? Disponível em www.ucm.es/OTROS/especulo/numero6/www_lite.htm. Consultar, do mesmo autor, El futuro del libro. Disponível em www.ucm.es/OTROS/especulo/numero5/futlibro.htm.

(8) Eis um exemplo de escrita colaborativa. Le Bouquin du Web  (www.2icompany.com/pages/indexlivre.html) convocou leitores de língua francesa a intervirem na elaboração de um romance policial em rede. O editor J. J. Brissiaud redigiu o primeiro parágrafo: “Franck, alcoólico inveretado, barrigudo, modesto funcionário da Caixa de Assistência à Doença, de Paris, testemunhar de seu ponto de observação favorito (o bistrô de seu amigo Paul) à morte de um misterioso homem louro por uma misteriosa mulher morena. No momento de morrer, o homem louro, que se chamava Pietroj, remeteu Franck para uma outra dimensão.” Para garantir razoável organização aos trabalhos, estabeleceu-se um faixa horária diária  para o envio de colaborações. Os acréscimos incongruentes ou incoerentes iam sendo excluídos pelo editor. O resultado superou as expectativas: de 27 de novembro de 1997 a 6 de junho de 1998, cooperaram 12 franceses, quatro canadenses, um belga, um tunisiano, um luxemburguês e um sírio.  Coube a Brissiaud dar por encerrado o romance.

(9) Marshall McLuhan. Os meios de comunicação como extensões do homem. 4a. ed. São Paulo: Cultrix, 1974.

(10)  Guillermo Cabrera Infante, citado por Nuestro Mundo, 10 de dezembro de 1997.

(11) Ver de Fábio Lucas: “Reflexões sobre a literatura na era eletrônica”, em Quinto Império — Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa, nº 8, segundo semestre de 1997; “Literatura versus velocidade eletrônica”, em O Escritor, outubro de 1997.

(12) Carlos Fuentes. “Internet, el escritor y el Tercer Mundo”. El País Digital, 21 de outubro de 1998.

(13) Juan Grompone, citado por Patrícia Turnes, “Yo libro, tú computadora”, em Brecha (edição Internet). Disponível em www.brecha.com.uy/numeros/n635/apertura.html

(14) Derrick de Kerckhove. Connected intelligence: the arrival of the Web society. Toronto: Somerville House Publishing, 1997, p. 122-123.

(15) Consultar Dênis de Moraes. O Planeta Mídia: tendências da comunicação na era global. Campo Grande: Letra Livre, 1998, p. 69.

Dênis de Moraes, pós-doutor em Letras (Estudos Literários) pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Imagem e Informação da Universidade Federal Fluminense. Publicou, entre outros livros, O Planeta Mídia: tendências da comunicação na era global (Letra Livre, 1998) e Globalização, mídia e cultura contemporânea, org. (Letra Livre, 1997). O texto acima baseia-se em questões abordadas de forma mais abrangente em seu relatório final de pós-doutorado em Letras na UFMG (1999). 
 

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