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Página atualizada em 18.10.1999

 
Daniel Piza
<dpiza@estado.com.br>

A UNÇÃO PELA PEDRA
 

Maneira de morrer que João mereceu:
Não a morte explodida, cheia de alaridos
Como o mar que ressoa para o céu;
Nem a morte estendida, inchando vazios,
Como o sertão sem norte e sem véu.
No sofá (entre uma reza e outra), à frente
Da escultura de Weissmann, debaixo
Do rosto de Bandeira: silêncio latente.

A mão sobre a mão da amada — um fio
Sobre o nada; o olho sem ver e sem ler
— antevisão de tudo. Seco o rio,
O suspiro de quando o vento vem ver
A fisionomia do canavial — e o frio
Que nenhum fardão (farsa) disfarça.
E agora João é tão da terra onde plantara
Ondas, solta simetria mineralizada.

               Daniel Piza, 18/10/99




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